terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Maldita janela



Do 17º andar ela observava a vista que tinha da janela de seu apartamento.
Rascunhos, rabiscos e desenhos espalhados pela casa, alguns pelo chão, em cima da cama, da mesa e do sofá; outros alfinetados em murais, alguns com marca-textos, outros com palavras e frases riscadas.
Além dos murais distribuídos pelo pequeno e bagunçado apartamento, estavam lá manchetes de jornais, falando sobre diversos de seus livros, todos, emoldurados.
A poeta, no alge de seus 25 anos, adorava a sensação de estar se arriscando mortalmente, isso, porque tentava entender o que seduzia um suicida à morte.
Ela cruzou os braços, encostando os ante-braços no parapeito da janela, admirando a brisa calma movendo folhagens, respirou fundo e abaixou a cabeça, foi então que pensou 'Será que se eu caísse daqui, morreria?'
Então, ela segurou o parapeito da janela e pôs todo seu tronco para fora com facilidade, já que a janela batia na altura de seu quadril. A mulher por fim soltou os braços da janela, e os esticou à sua frente, ela sabia que, caso se esticasse mais, cairia.
De repente sentiu a adrenalina correndo por suas veias e teve a súbita sensação de sua alma estar saindo e voltando de seu corpo, conforme inspirava e expirava. Ela sorriu como uma criança e chorou algumas lágrimas de alegria, estava maravilhada.
Tão maravilhada, que não percebera a presença de alguém que se espreitava sorateiramente por seu apartamento.
O homem caminhava em absoluto silêncio, em direção à garota. Parou por alguns segundos quando viu uma manchete emoldurada mostrando a escritora ao lado de um de seus livros, em cima dizia 'Escritora de 21 anos publica seus quinto livro de sucesso, que fala sobre aproveitar pequenas coisas' ele sorri friamente e continua seu percurso. Ao ver a garota na janela pensa 'Vai ser fácil. Muito mais fácil do que planejei'.
Seu sorriso vai ficando a cada passo que dava mais macabro e descontrolado. Quando esta a um passo de esbarrar nela, ele se enche de satisfação e sorri como se aquilo fosse empolgante, mas ao mesmo tempo, hilário. Ele aproxima suas mãos com cautela, e diz 'Sim, morreria' e a empurra. Seus olhos brilham e ele começa a gargalhar.

2 comentários:

  1. Realmente curti esse texto, sim.
    Opinião sincera? Muito bom, tu escreve muito bem, mesmo! Aliás, visitarei teu blog com maior frequência.
    ;D
    Beeijos floor.

    ResponderExcluir
  2. baah, brigada ;D
    e eu vou continuar vendo o teu, você sabe mesmo escrever histórias, sinceramente, acho que entro todo dia pra ver se você postou algo novo.
    beeijos ;*

    ResponderExcluir