terça-feira, 12 de julho de 2011

O Inquilino



A chuva caia forte do lado de fora, como balas que ricocheteavam contra o telhado que naquela noite parecia estar dando conta da tempestade. Aquele fim de tarde em especial estava nublado, fazendo parecer aquela desabitada rodovia um lugar que poucos se arriscariam a cruzar. Os acovardados evitavam aquela estrada esburacada porque por lá corria o boato de um homem insano que matava a sangue frio os que por lá passavam. O velho chalé foi improvisado à alguns anos atrás, e nada de ruim nunca havia acontecido a quem morava lá; o homem esquentava água em uma chaleira em cima de seu fogão à lenha tranquilamente enquanto ouvia a sinfonia de pingos que metralhavam sua casa. Um som esplêndido, que o tentava a deitar-se.
De repente, passos pesados foram ouvidos do lado de fora da casa, alguém estava caminhando em meio àquela chuva infernal, alguém sem pressa, que parecia não se importar em ficar totalmente molhado. O homem fica tenso por alguns instantes vendo pelo vidro a figura se aproximar vagarosamente da porta, e dar três batidas sonoras, que ecoaram pela casa, e, por alguns instantes, aquelas batidas pareceram tomar conta de todo eco existente na casa, e superar a chuva que batia violentamente no telhado. O homem, por fim abriu a porta devagar, e o ranger das dobradiças foi a única coisa que quebrava aquela macábro silêncio que se instalava no local. A figura sem forma que caminhava pela rua era uma mulher. Ela aparentemente havia quebrado o pé quando a chuva começou, e andou quilômetros até avistar o velho chalé, estava encharcada, e perguntando se poderia passar a noite em sua casa. O senhor foi muito afável com a moça e a deixou entrar, abrindo a porta e fazendo um gesto para que entrasse e se acomoda-se. Ofereceu chá que acabara de esquentar, a jovem aceitou, agradecida e o homem foi para trás da bancada que havia perto do fogão, e de lá tirou uma faca, e, enquanto a garota falava de costas para ele, sentada em uma confortável poltrona de como a estrada era vazia e desabitada, ele olhava para ela com um sorriso maníaco e olhos arregalados para ela, em silêncio, e por fim, quando a moça se virou ele ja se aproximava silenciosamente da porta e a trancava. Soltou uma gargalhada sonora de satisfação que ecoou pela rodovia, e logo depois se ouviram gritos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário